Dos remédios nascem os males...
"No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os maus políticos têm medo do passado."
Em Politica há pessoas tão inábeis que suas ausências preenchem lacunas...
Já escrevemos: um trem Piranhas-Paulo Afonso é factível. Já existiu. Ia mais além. Ia até Jatobá. A opção pelo sistema rodoviário, em um país continental, matou a ferrovia Piranhas-Jatobá. Uma ex-prefeita tentou construir dez quilômetros de uma ferrovia saindo de Piranhas. Planejava construir dez quilômetros. Os trilhos, até pouco tempo, podiam ser vistos estocados a enferrujar em um canto da cidade. De Piranhas até o litoral, por onde andam em enxames os turistas endinheirados do Brasil, um vapor também já existiu.
A conclusão lógica, que salta aos olhos, é que o articulista não está a delirar. Os turistas que chegam aos montes na região de Piranhas e Canindé, certamente subiriam até Paulo Afonso, como costumavam subir antes da Usina de Xingó e antes do enchimento do cânion, caso algo excepcional lhes fosse oferecido.
O que vemos nos Estados Unidos e na Europa são turistas a curtir brincadeiras de crianças na Disneyworld, a andar de bondinho em Lisboa, subir e descer em ascensor do século passado ou a zanzar nas ruínas do Coliseu de Roma. É o que eles querem. É o que pagam para ver e curtir. Pagariam e subiriam de trem até Paulo Afonso.
O país falindo e afundando, estados e municípios endividados, a concessão poderia ser feita à iniciativa privada. Se uma prefeita corajosa e visionária de Piranhas ousou implantar dez quilômetros de ferrovia, cremos com recursos próprios, por que a Prefeitura de Paulo Afonso não pode iniciar o processo de gestação para a implantação de vinte quilômetros?
Cerca de trinta quilômetros de ferrovia de um projeto que se apresenta viável não é coisa do outro mundo. Ademais, a nossa cidade é parte do Estado da Bahia que, como um todo, receberá os dividendos de um tal projeto turístico. Assim sendo, poderá ser a fonte de boa parte dos fundos necessários para a obra. E vale lembrar que o Batalhão de Engenharia do Exército Brasileiro poderia ser convidado para a construção dessa ferrovia. Se bem nos lembramos, a propósito de determinado projeto para nossa região, um ex-comandante da Companhia de Infantaria nos afirmou que o Exército não tomou a si a responsabilidade da execução “porque não pedem”.
Reparando em volta da região de Piranhas e Canindé, dezenas de restaurantes e pousadas que certamente geram empregos e impostos municipais e estaduais. O que se pode observar é que boa parte do fluxo é de turistas de outros estados e mesmo do exterior.
Não seria excesso de otimismo ou entusiasmo garantir que os turistas assim descritos não deixariam passar a oportunidade de vir de trem de Piranhas até Paulo Afonso. A aventura seria algo diferente, rápida, saudosista, paradisíaca e relaxante. Não é necessário ser da área de turismo para chegar a esta conclusão. Basta observar. O complexo energético com o bondinho sobre o cânion, o Raso da Catarina e a saga do Cangaço reforçariam o encanto da viagem.
Os nossos gestores, via de regra, parecem ficar anestesiados quando chegam ao poder. A preocupação – a ocupação – de compor, fazer maioria, perpetuar-se no poder, toma-lhes o tempo precioso que poderiam empregar para gestar e parir projetos em benefício do povo ou da comunidade.
A título de ilustração, Juscelino Kubitschek construiu Brasília e levou o desenvolvimento ao centro-oeste do Brasil porque ousou sonhar. Sofreu gozações e impropérios. A Belém-Brasília seria a estrada para onça passear segundo os detratores (duplicada, já não escoa satisfatoriamente o tráfego da região). O lago Paranoá nunca encheria para os céticos nulos ativos. O lago mais que pela metade, Juscelino telegrafou para um deles: “Encheu, viu?!”
Nunca é demais enfatizar a necessidade do envolvimento dos órgãos representativos da nossa cidade em uma causa que só trará benefícios para os empreendimentos locais com o aumento do meio circulante; se ainda não caiu da moda que turismo é uma indústria sem chaminé.
E no sul do Brasil, uma estrada de ferro de dez quilômetros entre duas cidadezinhas encanta os turistas. O empreendedor privado, dono da concessão, mais feliz ainda.
Francisco Nery Júnior
P.S. No Google, dezenas de passeios de trem entre cidades do sul do Brasil.
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