Secretário no governo Bolsonaro cai após quebra de sigilo em investigação sobre corrupção

[Secretário no governo Bolsonaro cai após quebra de sigilo em investigação sobre corrupção]

O Ministério do Desenvolvimento Regional do governo Jair Bolsonaro anunciou que o advogado Tiago Pontes Queiroz deixou o cargo de secretário Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano para se defender em inquérito da Polícia Federal e ação de improbidade do Ministério Público.

Queiroz é alvo de investigações e acusações quando esteve à frente da diretoria de Logística do Ministério da Saúde, em 2018, pelo suposto favorecimento a uma das empresas sob foco na CPI da Covid, a Global Gestão em Saúde.

Na quinta-feira (7), os sigilos bancário e fiscal de Queiroz haviam sido quebrados pela Polícia Federal e um dos endereços dele no Recife havia sido alvo de medida de busca e apreensão no dia 21 de setembro, no âmbito da Operação Pés de Barro da Polícia Federal.

Em nota enviada na tarde desta sexta-feira (8), o ministério informou a saída de Queiroz, ressaltando que as investigações recaem sobre período anterior à posse dele na pasta.

“O Ministério do Desenvolvimento Regional informa que o senhor Tiago Pontes Queiroz apresentou, nesta sexta-feira (08/10), seu pedido de desligamento da função de Secretário Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional para fazer sua defesa nas investigações citadas pela reportagem. O MDR ressalta ainda que os fatos sob investigação são todos anteriores ao período em que o senhor Tiago Queiroz desempenhou a função de secretário nesta Pasta”, segundo a nota.

O advogado se tornou o símbolo do “toma lá, da cá” entre o governo Bolsonaro e o centrão e conseguia manter um cargo de alto escalão mesmo após passar a ser suspeito de corrupção e fraude em contratos do Ministério da Saúde.

O advogado foi colocado no ministério quando Bolsonaro começou a distribuir cargos ao centrão em 2020 em uma ofensiva para isolar o então presidente da Câmara Rodrigo Maia. Nesses cargos, os indicados tinham acesso à estrutura e a recursos do governo federal.

Antes, transitou em diversos cargos no governo federal. Foi Gerente Regional I de Administração e Finanças da CBTU Recife em 2015 e 2016, durante o governo da petista Dilma Rousseff.

No governo Michel Temer (MDB), Tiago Queiroz passou a trabalhar no Ministério da Saúde, a época sob o comando de Ricardo Barros (PP-PR), hoje líder do governo Bolsonaro na Câmara.

Sob Bolsonaro, ele havia sido nomeado em março como chefe da STU (Superintendência de Transportes Urbanos) do Recife, órgão que faz parte da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos). Dois meses depois, foi alçado ao posto de Secretário de Mobilidade e Desenvolvimento Regional.

Nesse caso, sua indicação foi atribuída não só ao PP de Barros, mas também ao Republicanos.

Procurado pela reportagem, Queiroz afirmou: “estou pronto para esclarecer em juízo que não cometi qualquer ato ilícito por tratar-se de compras e pagamentos de medicamentos para processos judiciais através de aquisições no período de 2016 e 2017, que eu sequer estava nomeado no cargo competente para tal (fui nomeado em 2018). É preciso que todos os fatos sejam analisados à luz da legalidade e em lugar oportuno”.

Foto: Reprodução/Instagram
Fonte: https://politicalivre.com.b