CAPÍTULO XI - “O SUBVERSIVO DE PAULO AFONSO!”

[CAPÍTULO XI - “O SUBVERSIVO DE PAULO AFONSO!”]

Antes de relatar e discriminar os utensílios engendrados pelo sadismo dos mentores das torturas contra os insurgentes do golpe de 64, usados pelos venais torturadores das Forças Armadas, em paráfrase, faço um “meia volta volver” na História do governo “linha dura” do então presidente, Garrastazu Médici, que usou o futebol, “o ópio do povo”, hipnotizado com a conquista da Copa do Mundo de 70, como uma cortina para camuflar e aumentar a repressão com torturas, prisões aleatórias e banimentos dos brasileiros que não comungavam com o triste regime de exceção vigente no país. “Prá frente, Brasil”, foi à canção carnavalesca que embalou o tricampeonato brasileiro de futebol, que sofreu uma interferência do presidente Emílio Médici, que tentou impor ao técnico João Saldanha a escalação do centroavante, “Dadá Maravilha”, e o treinador, não aceitando a imposição, foi trocado compulsoriamente por Mário Lobo Zagallo que convocou o hilariante Dadá, porém não o deixou jogar.

“O suposto milagre brasileiro que atingiu o ápice no governo Médici, (1969-1974), quando aconteceu o aumento do PIB, crescimento da economia e sua internacionalização, além da criação do novo mercado consumidor externo e interno, etc; tornou-se um gritante paradoxo. Durante este período, o Produto Interno Bruto, cresceu 11,1%, enquanto no período anterior, (1964-1967), o crescimento havia sido de 4,2%. Foi o momento que surgiram slogans famosos do regime como “Pra frente, Brasil!”, “Ninguém segura este país” e “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Entretanto, é importante pontuar que o milagre econômico aconteceu em detrimento das classes mais baixas, uma vez que o arrocho salarial atingiu principalmente as classes trabalhadoras. Entre 1964 e 1985, o salário mínimo caiu 50% em valores reais, ou seja, ajustados pela inflação. Destarte, o crescimento econômico garantiu, na verdade, que a “riqueza na mão de poucos” concentrou-se ainda mais. Enfim, o milagre econômico foi para quem?”

Nesta conjuntura, surgiram as “obras faraônicas” como a rodovia Transamazônica, (BR-230), as hidrelétricas de Tucuruí, Balbina e Itaipú, (a maior do Brasil), a ponte Rio-Niterói, as usinas nucleares de Angra, a ferrovia do Aço e o projeto de minério de ferro de Carajás e de celulose de Jari. A Transamazônica nunca foi concluída, a hidrelétrica de Belo Monte, projeto dos militares nos “anos de chumbo”, não foi adiante pela pressão dos índios e dos defensores da Amazônia, as usinas nucleares foram fracassadas em razão do trinômio custo/benefício/segurança, e o meio ambiente foi duramente castigado com a derrubada de grande parte da floresta, e o extermínio gradual da fauna e da flora diversificadas.

O ouro de Serra Pelada tornou-se de “tolo” pelas sequelas sociais deprimentes da maioria dos trabalhadores informais, o Meio Ambiente foi atingido pelo desmatamento aleatório e as águas fluviais e pluviais contaminadas pelo mercúrio utilizado nos garimpos, sob a administração, fiscalização e “pilhagem” do famigerado torturador, major Curió, premiado pelos militares governantes para esta função, além da cidade de Curiolândia, no Pará, ter surgido com este nome em sua homenagem.

Nas folhas impressas do opúsculo, A Ditadura Militar no Brasil, estão impressas, (ipis litteris), que no regime militar a economia brasileira se agigantou, tirando o país do medíocre 50º lugar para colocá-lo entre as dez nações mais ricas do mundo. O milagre econômico parecia uma conquista para ninguém botar defeito: a produção industrial crescia com rapidez e o número de empregos ia às alturas. Depois veio a desaceleração, (1974-1980), em que o PIB ainda crescia a 7,1% ao ano, uma taxa de soltar rojões hoje em dia. No entanto, por trás das boas noticias se escondia uma dívida externa crescente, que estouraria na década perdida de 1980, tornando-se impagável.  Pela lógica dos governantes militares, a dívida era um mal necessário. “para crescer como cresceu, o Brasil precisava de financiamento de longo prazo e boa capacidade para importar máquinas e bens de capital. Não contando nem com um nem com outro, foi obrigado a se endividar em dólar”. A conta negativa do Brasil virou um rombo em poucos anos.

País rico, povo pobre... veremos a seguir...