CAPÍTULO XV - “O SUBVERSIVO DE PAULO AFONSO”

[CAPÍTULO XV - “O SUBVERSIVO DE PAULO AFONSO”]

CAPÍTULO XV

Hoje, 09 de Março de 2021, após celebrarmos o DIA INTERNACIONAL DA MULHER, eu deveria relatar para minha fuga dos porões da ditadura militar de uma unidade do Exército brasileiro da então conturbada “pauliceia desvairada”, e minha posterior captura por militares de uma unidade verde/oliva do estado da Bahia, onde um novo suplício, sob as ordens de um comandante psicossomático por suas atitudes descontroladas e cacoetes compulsivos e repetitivos, que, indubitavelmente, atemorizavam até seus subordinados, começava em uma solitária imunda, sem a luz do sol, sem roupas, sem visitas e com constantes alagamentos de águas poluídas por urinas e fezes, onde aconteciam as constantes torturas físicas e psicológicas que me levaram a atentar, desesperado, contra minha própria vida...

Perdi a noção de tempo, não sabia distinguir a noite do dia. Procurava orientação na troca da guarda e na “gororoba” servida por baixo da porta de ferro. Sob custódia  psicológica e coercitiva e promessa não cumprida, voltei ao inferno dos xilindrós militares de São Paulo para deleite dos militares racistas de plantão, e dos insanos torturadores que foram freados por uma senhorita, filha do comandante, que apareceu como anjo na minha agonia. As torturas, os maus tratos e à discriminação dos paulistas foram paulatinamente reduzidas. Depois de anos de tormentas, desesperanças e humilhações, por intercessão desta abençoada criatura, seu pai assinou minha libertação, cujos pormenores estão nos autos do processo em tramitação procedimental, ora na capital federal.     

Vou parar por aqui. Relatarei toda esta odisseia de reclusão castrense com detalhes no livro em procedimento que deverei lançar neste ano pandêmico de 2021, indignado e perplexo com os fatos atuais e os desgovernos eivados de corrupção que advieram, “democraticamente”, após os vinte e um  anos do estado de exceção, e que, por abuso das autoridades dos poderes constituídos, poderá voltar ou não, de acordo com os acontecimentos políticos, sociais e econômicos vigentes no Brasil em pleno século XXI, caracterizado sobremaneira pela perniciosa COVID 19, e suas horripilantes sequelas de fome, pobreza e violência, ratificadas nas palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes, que comparou o país, em um futuro próximo, à paupérrima Argentina e a miserável e instável Venezuela. Vade rertro!

Será que valeu a pena lutar contra a ditadura militar no passado enquanto que hoje os criminosos de “colarinhos branco e os bandidos de toga”, acintosamente, retratam à máxima de Rui Barbosa: “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a de ter vergonha de ser honesto”.

EPIDAURO PAMPLONA