"Os aduladores, a pior espécie de inimigo!"
"Em tempos de crise, a Política deve lembrar que humanidade vem antes de ideologias"
"Pobre, quando mete a mão no bolso, só sai os cinco dedos!"
Localizada na Caatinga − único bioma 100% nacional e que abrange uma área de cerca de 10% do território brasileiro – a região do Raso da Catarina tem uma biodiversidade em fauna e flora sui generis, (peculiar), com características únicas, haja vista a sobrevivência de suas espécies em condições climáticas extremas onde a natureza atinge a essência das essências, ou seja, a quintessência − o ápice do seu natural status quo.
Neste contexto, na fauna e na flora, respectivamente, encontram-se o gato do mato, porco caititu, veado-catingueiro, tatú, peba, gambá, jiboia, cascavel, sapo-cururu, preá, mocó, e; na vegetação, existem espécies como o angico, cactos - (mandacaru, xiquexique e facheiro) - jatobá, umburana, pinhão, e árvores que armazenam água, como a barriguda e o umbuzeiro. Contudo, conforme o SOS do título, dentre os psitacídeos – família das aves de bico arredondado, como os papagaios, os periquitos e as araras − do Raso da Catarina, destaca-se, por sua raridade e formosura imensurável, a ARARAAZUL-DE-LEAR, que chega a ter 1 metro da ponta do bico até o final da cauda e a pesar 1,300 Kg. É uma espécie belíssima e icônica da região do Raso da Catarina que existe apenas na Caatinga (mata branca em tupi) baiana, e que, infelizmente, enfrenta sérios riscos de extinção.
A maior atemorização de aniquilamento das aves desta espécie e de diversas outras, animais e vegetais da região tem sido a famigerada multinacional VOLTALIA, que está implantando na região do Raso da Catarina, um Complexo Eólico composto por dezenas de torres com hélices giratórias de quase cem metros de comprimento, peremptoriamente, (objetivamente), letais para as livres e indefesas aves que têm nas cercanias da região de implantação desse empreendimento, importantíssimas áreas de alimentação e reprodução.
Apesar de o referido empreendimento ter obtido licenças ambientais, felizmente, o Ministério Público − grande “guarda-chuva” da sociedade brasileira − através da primorosa atuação conjunta entre o Ministério Público no Estado da Bahia (MP/BA), capitaneada pelos Promotores, Dra. Luciana Espinheira da Costa Khoury e Dr. Adriano Nunes de Souza; e o Ministério Público Federal (MPF), capitaneado pelo Procurador Dr. Marcos Carneiro da Silva − pronunciou-se pela anulação das licenças do mirabolante Complexo Eólico de Canudos; e, depois, foi à vez do egrégio meritíssimo Juiz Federal, Dr. Marcel Peres de Oliveira, da Subseção Judiciária de Feira de Santana / Justiça Federal da 1ª Região, (Processo № 1004100-89.2023.4.013304), quem decidiu pela suspensão de todas as licenças ambientais concedidas irregularmente para a opulenta empresa.
Por enquanto, tanto as araras-azuis-de-lear e outros psitacídeos (bicos fortes e curvos) e aves, assim como inúmeras outras espécies de animais e de plantas da Caatinga encontram-se, expressamente, “salvas pelo gongo”, figurativamente! Mas, a luta pela conservação dessas espécies nativas precisa continuar e, principalmente, fortalecer-se, pois há riscos de que a Decisão do meritíssimo Juiz Federal seja revertida fazendo ressurgir, assim, o temor de que o descabido empreendimento finalize a sua implantação e comece a operar, levando à perda progressiva de inúmeras espécies nativas, que, em seu conjunto, tornam o Raso da Catarina uma região tão encantadora e de elevadíssima importância ecológica!
In memoriam do senhor José Severino da Silva, (“Cara Feia”), o eremita, guardião das araras azuis de lear no Raso da Catarina entre Paulo Afonso e Santa Brígida, falecido recentemente aos 95 anos de idade.
EPIDAURO PAMPLONA (DR. CARLOS A. DE SOUZA, ASCOM/OAB - SUBSEÇÃO PAULO AFONSO-BA)
ARARA AZUL DE LEAR DO RASO DA CATARINA
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