Pré-candidata à OAB-BA, Daniela Borges critica "decisões automatizadas"

[Pré-candidata à OAB-BA, Daniela Borges critica

As pré-candidatas à presidência e vice-presidência da OAB-BA, Daniela Borges e Christianne Gurgel, participaram de reunião nesta quinta-feira, 21, com cerca de 150 advogados. Na ocasião, a reclamação geral foi a pouca efetividade das decisões dos juizados. Uma das queixas está relacionada às baixas indenizações, que, segundo os advogados, vêm no lastro de um processo de falência dos juizados.

Borges reforçou que, no âmbito dos juizados, é preciso atuar para demonstrar a importância desse sistema, que é considerado à porta de entrada dos cidadãos à justiça. Ela garantiu que, caso eleita, sua gestão será firme focada em aprimorar o serviço jurisdicional.

“Sabemos que os desafios nos juizados são enormes e se tornaram ainda maiores nesse período de pandemia, sobretudo no aspecto da violação das prerrogativas da advocacia”, afirmou. Ela pontuou que os juizados especiais são, muitas vezes, a porta de entrada para muitos advogados em início de carreira. Ela pontuou que a pandemia impôs mudanças que precisam de reavaliação e aperfeiçoamento.

“Tudo o que vem para ampliar o acesso à Justiça, com a garantia de ampla defesa e do contraditório, deve ser acatado. Mas não podemos aceitar nada que dificulte esse acesso e essas garantias”, disse.

Presidente da Comissão dos Juizados Especiais da OAB-BA, Vanessa Lopes ressaltou que, apesar da celeridade, falta qualidade nas decisões. Ela explicou que as baixas indenizações são resultado de decisões que não se aprofundam na análise dos casos e pontuou que o juizado é célere, produtivo, mas pouco eficaz. “Não adianta entrarmos com uma ação e não obter o resultado esperado. No juizado hoje, ninguém sai satisfeito: nem a parte ré, nem a parte autora”.

“São decisões automatizadas, nas quais não há uma avaliação dos casos de forma concreta. Além disso, as decisões nas turmas recursais são praticamente imutáveis. O colegiado, em geral, acompanha o voto no relator, o que se subtende que não há uma discussão sobre os casos”, disse.

O presidente da Comissão de Proteção de Direito do Consumidor da OAB-BA, Sérgio São Bernardo, ressaltou a dificuldade de acesso à estrutura do Poder Judiciário. “Por ser uma área de atendimento, em geral, a uma população de baixa renda, é por meio dos juizados que os cidadãos veem a cara da Justiça. E, muitas vezes, a advocacia se vê impedida de agir por limitações burocráticas ou por mera formalidade, com dificuldades, por exemplo, para gerar um alvará, ou ter acesso a um juiz para encaminhar um atendimento”.

A pré-candidata à vice-presidência da OAB-BA, Christianne Gurgel reforçou o compromisso com a advocacia dos juizados e afirmou que a gestão, caso eleita, vai manter uma atuação firme, sobretudo, na defesa das prerrogativas da advocacia. “São prerrogativas da cidadania. Vamos olhar com atenção para o desafio de cada segmento da advocacia, para que nossa profissão seja mais valorizada e respeitada”, pontuou.

A advogada Larissa Rossi, que atua junto aos juizados especiais, destacou que um dos grandes desafios está na administração do volume de ações. “Essa administração deve ser feita de forma efetiva para a advocacia, para os magistrados e, sobretudo, para a sociedade”, disse.

Essa é a primeira vez na história da seccional que duas mulheres disputam os cargos da linha de frente da instituição. As eleições para a OAB-BA acontecem no próximo dia 24 de novembro.

Foto: Márcio Lima/Divulgação
Fonte: https://atarde.uol.com.br