Dos remédios nascem os males...
"No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os maus políticos têm medo do passado."
Em Politica há pessoas tão inábeis que suas ausências preenchem lacunas...
Mesmo ocupando cargos de poder no Congresso Nacional, senadoras e deputadas afirmam que o machismo ainda é uma presença constante no dia a dia parlamentar. Em entrevistas ao g1, elas relataram episódios de interrupções sistemáticas, deslegitimação de falas, intimidações e até agressões físicas.
O tema voltou ao centro do debate após a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ter sido alvo de ataques e ofensas durante uma audiência no Senado nesta semana.
Um dos senadores chegou a dizer que era preciso separar a mulher da ministra, porque “a mulher merecia respeito, mas a ministra, não”.
A deputada Delegada Katarina (PSD-SE) diz que o machismo no Congresso opera muitas vezes de forma sutil, mas poderosa.
“É uma violência velada, que tenta minar as nossas forças e nos desestimular a estar ali. Aquela que se impõe, acaba sofrendo mais, mas temos que reagir.”
A deputada, única mulher na Mesa Diretora, relembra um episódio em que presidiu uma sessão da Câmara, em fevereiro.
Na ocasião, aliados do governo e do ex-presidente Jair Bolsonaro começaram a discutir, a ponto de inviabilizar a sessão, e ignoraram o apelo da deputada para voltarem ao silêncio.
“Eu queria muito acreditar que se fosse um homem ali seria a mesma coisa", diz a parlamentar.
Atualmente, apenas 18% das cadeiras da Câmara são ocupadas por mulheres — 99 entre os 555 nomes que compõem a legislatura, considerando titulares e suplentes.
No Senado, são 16 mulheres entre 81 senadores (19,75%). Isso contrasta com os 51,5% da população brasileira que é feminina, segundo o IBGE.
Segundo a Secretaria da Mulher, a violência política de gênero pode ser caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade.
As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e também durante o mandato.
A violência pode ocorrer tanto no meio virtual (com ataques em suas páginas, fake news e deepfakes) quanto nas ruas, quando são vítimas de agressões de eleitores. Além disso, a violência pode ocorrer, inclusive, dentro de casa.
⚠️Como denunciar? Na Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180. O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, em todo o território nacional.
Com 34 anos de mandato, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirma que já enfrentou agressões físicas e ameaças dentro do Congresso.
“É desenergizante. Esse tipo de violência desgasta nossa energia, que deveria estar sendo gasta com a política. A violência de gênero sempre existiu, mas antes não era nomeada.”
Em uma sessão recente da Comissão de Cultura, Jandira foi ameaçada pelo deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que afirmou que, fora do parlamento, bastaria “prender ou atirar” em quem discordasse.
Ela também relatou que projetos com a palavra “gênero” sofrem rejeição automática:
“Nem mesmo quando se trata de ‘gênero alimentício’. Eles não aceitam nem o vocabulário.”
A deputada Rosana Valle (PL-SP) afirma que já foi descredibilizada por colegas em reuniões da Comissão de Viação e Transportes, por ser mulher em um ambiente tradicionalmente masculino.
“Às vezes não vem com grito, mas com desdém. Interrupções, explicações desnecessárias, tentativas de desqualificar o que acabamos de falar.”
Ela defende cotas temporárias para mulheres, inclusive na ocupação de cadeiras no Congresso, e não apenas na disputa eleitoral.
“Nós queremos ser eleitas pela nossa capacidade, mas o ambiente precisa deixar isso possível.”
A senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) menciona que durante eventos parlamentares, organizadores já pediram que ela cedesse o lugar para um homem. As situações ocorriam mesmo quando a paraibana ocupava cargos mais elevados.
“Eu respondo ‘não vou me levantar’, sou incisiva. Mas, perdemos o debate do evento, ficamos nos questionando o motivo da interrupção. 'Por que só com a mulher?’”, questiona a senadora.
A paraibana, que presidiu a Comissão Mista Orçamentária, conta que também sofreu machismo quando relatou, durante o governo Bolsonaro, um projeto que mudava a outorga de concessões na telecomunicação.
“Um dia depois que fiz o discurso da sanção da PL, em reunião na Residência Oficial, um general do Bolsonaro me cumprimentou e falou que a esposa dele havia perguntado quem eu era, e ele teve que responder que eu era uma assessora, porque senão daria ‘problema em casa’”, comenta.
A parlamentar ainda completa, “para mim, ele destratou tanto o cargo de assessora, quanto a minha função legislativa. Foi a maior grosseria, é indignante, precisamos falar muito mais sobre isso”.
A senadora Teresa Leitão (PT-PE) diz que não presenciou episódios explícitos no Senado, mas percebe um incômodo visível de colegas ao serem contestados por mulheres.
“A política, para os homens, é naturalizada. O espaço público é o último que conquistamos ao longo da história. Não podemos retroceder.”
Ela também defende que o Senado avance em medidas estruturantes para fortalecer candidaturas femininas, como cotas de cadeiras e mais tempo de TV.
Desde 2013, a Secretaria da Mulher da Câmara recebeu 86 denúncias formais de violência política de gênero — interrupções, ameaças, constrangimentos, racismo, representação por decoro e até adesivos sexistas.
Veja os números por ano:
A partir de 2021, a criação de uma lei específica contra violência política de gênero permitiu que os casos fossem formalmente denunciados. A lei prevê pena de 1 a 4 anos de prisão e multa, além da proibição de propaganda eleitoral que deprecie a condição da mulher.
Em uma audiência no Senado nesta semana, a ministra Marina Silva foi interrompida diversas vezes pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), que cortou seu microfone e disse: “ponha-se no seu lugar”.
Rogério já havia cortado o microfone de Marina várias vezes antes, impedindo-a de falar, e ironizou as queixas dela.
A ministra respondeu dizendo que ele gostaria que ela "fosse uma mulher submissa". "E eu não sou", completou Marina.
Logo depois, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que a ministra merecia críticas, mas “a mulher, respeito”. Em março, o mesmo senador já havia dito, em evento público, que tinha “vontade de enforcar Marina Silva”.
“Sou uma mulher de luta e de paz. Mas nunca vou abrir mão da luta”, reagiu Marina.
“Quem brinca com a vida dos outros ou ameaça por diversão é psicopata.”
Fonte: https://g1.globo.com
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