Dos remédios nascem os males...
"No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os maus políticos têm medo do passado."
Em Politica há pessoas tão inábeis que suas ausências preenchem lacunas...
O aumento de episódios de violência em creches e escolas nos últimos dias enlutou o país e deixou os brasileiros em estado de alerta. Diante dos casos, governos estaduais anunciaram uma série de medidas para reforçar a segurança em instituições de ensino públicas e privadas. Entre elas, o aumento do policiamento, a criação de canais de denúncias, a implementação de câmeras e detectores de metal e até mesmo a construção de escolas cívico-militares.
Na esfera federal, o ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Flávio Dino, divulgou na quinta-feira (13/4) a abertura de um edital com R$ 150 milhões para estados e municípios fortalecerem a segurança nas unidades de ensino. A pasta também determinou que as redes sociais terão 72 horas para apresentar um relatório com as medidas que serão adotadas para monitorar, limitar e restringir conteúdos que incentivem a violência nas escolas. Antes mesmo do anúncio, no entanto, executivos estaduais se mobilizaram para garantir a prevenção de ataques.
A maioria das medidas, porém, é paliativa. Seguem apenas o propósito de reforçar a segurança policial em um momento de pânico. Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Telma Vinha, coordenadora do grupo Ética, Democracia e Diversidade na Escola Pública, que investiga ataques extremos em escolas feitos por alunos ou ex-alunos, as iniciativas reduzem um fenômeno complexo, em uma crise de contenção, mas não focam em transformar a cultura das escolas.
“A gente diz que esse tipo de ataque é um ato passional porque é cometido por adolescentes, mas são análogos à crimes de ódio porque são motivados por preconceito, misoginia, racismo”, explica. “Precisamos de um ambiente de cuidado e não de vigilância. Onde estão as políticas de fomento ao convívio democrático e cidadão? Abordar masculinidades, racismo, cooptação na internet. Não aparece a raiz do problema.”
Em Goiás, onde um aluno de 13 anos feriu duas colegas, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) anunciou que o estado vai instalar detectores de metal nas escolas e implementar uma vistoria nas mochilas dos alunos. Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) articula a contratação de seguranças particulares e acompanhamento psicológico. Raquel Lyra (PSDB), de Pernambuco, declarou que haverá a ativação de um número exclusivo (197) para emergências escolares no estado.
No Distrito Federal, o secretário de Segurança, Pública Sandro Avelar, anunciou a contratação temporária de policiais. Por segurança, segundo o secretário, a pasta não divulgará a quantidade de servidores nem como devem atuar nos colégios. Avelar também anunciou o reforço do efetivo do Batalhão de Policiamento Escolar (BPesc) a criação de novos canais de denúncia e a otimização do uso dos carros das corporações. Já o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), quer dobrar o número de escolas cívico-militares no estado, de 206 para 400, com custo superior a R$ 30 milhões por ano.
Desde 2002, foram registrados 25 atentados cometidos em instituições de ensino. Desse total, 72% aconteceram de 2017 a 2023. Os dados somam informações coletadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenado por Telma Vinha, e números mapeados pelo Metrópoles.
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Telma destaca a importância do Ministério da Educação (MEC) e das secretarias investirem em políticas públicas de convivência ética e cidadã. “Esses meninos, quando são cooptados, esses lugares têm muita escuta, funcionam como uma câmara de eco. A escola precisa desses espaços, de um lugar de pertencimento. Você tem que ter espaços em que ele vai dar a opinião dele, um trabalho em que ele tem voz, e aí tem acesso ao conhecimento”, pontua.
“Dá para entender que [os estados] precisam responder rápido, que a situação está séria. Mas é um prato cheio para arbitrariedades, para medidas autoritárias”, diz. “Esse problema não foi cultivado a curto prazo, as intervenções também não vão resolver a curto prazo.”
Somente na primeira semana de abril, a Polícia Civil de São Paulo (PC-SP) informou ter registrado 279 casos de ameaças de possíveis ataques a escolas no estado. No fim do mês passado, um adolescente de 13 anos esfaqueou um aluno e quatro professores em uma escola na Vila Sônia, zona oeste da capital paulista.
Em Blumenau (SC), um homem armado com uma machadinha invadiu uma creche e matou quatro crianças. Dias depois, em Goiás, um adolescente entrou armado com faca no Colégio Estadual Dr. Marco Aurélio e feriu duas colegas.
O professor Pablo Lira, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), ressalta que a preservação da ordem pública e do bem-estar das pessoas é dever do Estado – incluindo o governo federal, os municípios, o Legislativo e o Judiciário –, bem como um direito e responsabilidade de todos. “Essa responsabilidade pela segurança pública não é exclusiva dos governos, mas é fundamental uma presença mais ativa dos familiares, bem como os profissionais dirigentes dos ambientes escolares”.
De acordo com o especialista, há, no Brasil, um aumento considerável dos atentados a unidades educacionais.
“Estamos vendo também um estímulo, inclusive por autoridades públicas, à radicalização, intolerância e cultura do ódio no Brasil. Uma juventude sendo influenciada pelos mecanismos da tecnologia da informação. Esses fatores, e o acesso mais ampliado a armas de fogo, estão contribuindo para a gente ver uma recorrência dos casos covardes de atentados”, afirma.
O especialista em segurança pública listou, ao Metrópoles, cinco ações de proteção e emergência recomendados por estudiosos diante do momento de recorrência de casos de atentados e ameaças:
Fonte: https://www.metropoles.com
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
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